Olhando de perto para o setor de energia temos acompanhado vários sinais que sugerem uma transformação rápida para desenvolvimentos futuros nesse segmento. Vamos conhecer mais sobre inovação no setor de energia?
Governos de diversos países estão aprovando legislações a fim de incorporar fontes de energia sustentáveis e tecnologias para permitir o uso eficiente de diferentes fontes energéticas.
No entanto, além das estratégias e programas governamentais, esse cenário é ainda mais amplificado por startups e empresas de inovação que vêm impactando significativamente a forma de consumir energia local e regionalmente.
Mas não pense que apenas cidades inteligentes como Estocolmo, Abu Dhabi e Dubai, por exemplo, são beneficiadas por isso. O Brasil já pavimenta sua trajetória e cultura no segmento de energias renováveis e fontes alternativas.
Sabemos, por exemplo, que as fontes renováveis representam 83% da matriz elétrica brasileira.
Fato é que as empresas mais atentas ao cenário sustentável estão buscando formas inovadoras de mudar o paradigma de consumo energético, e isso vem sendo redesenhado por três tendências principais. São elas:
Descarbonização
A descarbonização indica uma transição para uma cultura de consumo de energia limpa e livre de carbono, integrando e aumentando a participação de fontes de energia renováveis.
Um aumento significativo na participação da mobilidade elétrica e impostos mais altos sobre o uso de combustíveis fósseis são algumas formas de descarbonizar que temos percebido em alguns países.
Essa cultura de descarbonização está ainda mais latente em países desenvolvidos e com uma cultura inovadora mais robusta.
De acordo com um relatório divulgado pela BloombergNEF em 2020, entre os anos de 2018 a 2019, acompanhamos uma redução de 3% na energia produzida a partir do carvão, e isso é um reflexo do fechamento de usinas e redução de suas atividades devido à competitividade promovida pelas fontes renováveis.
Esse dado pode ser um pouco controverso, afinal, hoje em dia temos mais usinas à base de carvão do que há dez anos. Ocorre que essas usinas operam com menor frequência, mostrando que a descarbonização é uma tendência que segue crescente.
O Brasil, nesse cenário, caminha de forma otimista, ainda que a passos curtos. O Plano Decenal 2019-2029 da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas) prevê que o país passará, em termos de uso de energia solar, de 1% em 2019, a 3% em 2029.
Já em relação à participação eólica, os números são ainda mais atraentes: a previsão é que passemos de 9% em 2019, para 17% em 2029.
Descentralização
A descentralização é outro fator de grande relevância em relação às fontes energéticas e à inovação no setor de energia.
Nesse quesito, leva-se em conta a eletricidade distribuída geograficamente com um grande número de produtores e consumidores multinível, não sendo apenas as grandes empresas as únicas geradoras de energia à população.
Algumas regiões hoje geram eletricidade de forma independente, embora ainda não estejam conectadas às redes de distribuição.
Além disso, a descentralização (ou microgeração) permite menor intensidade de energia e oferece oportunidades para a utilização de fontes alternativas e limpas, utilizando equipamentos de pequena escala.
Painéis fotovoltaicos, microturbinas e mini-hídricas são alguns exemplos de geração descentralizada.
Nos próximos anos conseguiremos observar uma maior democratização do acesso a diferentes matrizes energéticas e isso se deve, dentre outros fatores, à abundância de recursos naturais que o Brasil possui.
Fontes como o gás natural, biodiesel, além dos derivados da cana, por exemplo, são outros exemplos de matrizes energéticas.
O panorama que se tem em relação às fontes energéticas até 2026 em oposição ao ano de 2016 pode ser observado no gráfico abaixo:
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética
Digitalização
A digitalização compõe outro pilar importante dentro das macrotendências em inovação no setor de energia.
Trata-se do uso generalizado de máquinas e dispositivos digitais em todos os níveis do sistema de energia, desde a produção e infraestrutura até os dispositivos do consumidor final.
O conceito Energia 4.0, que vem sendo cada vez mais propagado, permite que a indústria implemente energia inteligente e soluções de gerenciamento energético com base em interações entre homem e máquina.
Um exemplo disso é o uso de IoT (Internet of Things). Não há como conter a quantidade de dados enviados a outros dispositivos. O uso de Inteligência Artificial, armazenamento em nuvem e Big Data, por exemplo, corroboram com esse cenário.
As empresas que recorrem a soluções de IoT podem se beneficiar de inúmeras maneiras e economizar milhares ou até mesmo milhões em recursos ao utilizar funções como monitoramento e sensoriamento remoto, por exemplo.
Consumidor como protagonista
Um dos resultados dessas três tendências é a movimentação que as pessoas têm relação aos seus papéis enquanto consumidores.
Esse cenário mostra que o consumidor passa a ter um poder de decisão maior do que há algum tempo em relação à geração e até mesmo à comercialização da energia doméstica e industrial.
Nesse contexto não podemos deixar de citar o modelo Energy as a Service (EaaS), que, por sua vez, promove uma eficiente redução de custos. O sucesso desse modelo de geração e comercialização de energia é tão grande, que o mundo todo tem voltado seus olhos à solução.
A Melbourne Engenharia, por exemplo, é um case que endossa o cenário de inovação no setor de energia no Brasil. Ao oferecer aluguel de placas fotovoltaicas, o consumidor é beneficiado com valor acessível e redução no custo de energia.
Na prática, entendemos que inovações como essas atribuem ao consumidor, além de redução de custos, maior transparência em todo o ciclo energético.
Consumo de energia no Brasil
Alguns dados nos ajudam a entender por que pensar em inovação no setor de energia é uma urgência e por que as empresas que já lidam com essa realidade estão saindo à frente.
De acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica de 2019, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a capacidade de geração de energia elétrica aumentou no país em 3,6% apenas entre os anos de 2017 e 2018, sendo a fonte hidráulica a maior responsável por isso.
No entanto, a energia solar representou o maior aumento proporcional no alargamento da capacidade elétrica brasileira. A energia solar fechou em 2018 um aumento na potência de 92% em relação ao ano anterior.
Outra informação pertinente a esse quesito diz respeito à emissão de gases de efeito estufa, observou-se uma considerável diminuição: 13,8%.
No decênio 2016 – 2026, a EPE projeta o aumento de consumo de energia elétrica em diferentes segmentos. Nesse período, espera-se que o consumo residencial aumente 1,8%, enquanto o setor industrial deve aumentar 2,2%.
Esses números trazem à tona o que não é uma novidade: o fato de o mundo estar cada vez mais preocupado com soluções sustentáveis e inovadoras em diferentes segmentos para promover questões ambientais e otimizar os custos envolvidos na geração de energia.
O que esperar a curto e médio prazo dessas inovações no setor de energia?
Você pode estar se perguntando: afinal, o que essas inovações podem proporcionar ao meio-ambiente, às empresas e à sociedade, efetivamente?
Estamos vivendo mudanças estruturais, digitais e sociais, e não há como conter essas alterações. Acontece que essas mudanças apresentam novas demandas que, por sua vez, podem não ser sustentáveis e, a longo prazo, prejudicar a qualidade de vida dos seres vivos.
As tendências em inovação no setor de energia ajudam efetivamente e promover uma realidade mais sustentável, com menos impacto, com redução de custos operacionais e domésticos e otimização de produção.
Esses objetivos beneficiam tanto o setor público quanto o setor privado, além, é claro, da sociedade, de modo geral.
Um insight que podemos ter em relação a esses números, além do aumento da opção por fontes alternativas, é que a indústria mais antenada está se preocupando com soluções sustentáveis. Fato é que além do impacto causado, o branding dessas empresas se fortalece, principalmente ao considerarmos que os consumidores estão cada vez mais dando abertura e preferência a soluções engajadas e atentas a questões ambientais.
A adesão a essas inovações pode impactar o consumo de energia de um prédio, um bairro, uma região ou até mesmo uma cidade inteira.
São medidas como essas que fazem as empresas se destacarem, serem reconhecidas, promoverem mudanças efetivas e, de fato, se atentarem e operarem como agentes no futuro que esperamos construir tornando-se comunidades inovadoras.