Se você chegou até aqui deve estar se perguntando: como implementar inovação no setor público? A inovação está sempre relacionada a ambientes propícios para o desenvolvimento e aplicação de novos processos e experiências, que estimulem a criatividade e sejam flexíveis. Por isto, startups, iniciativas individuais ou até mesmo grandes organizações investem em estruturas e recursos humanos compatíveis com geração de inovação.
E quando se trata do setor público, sobretudo no Brasil, no entanto, a burocracia e a lentidão são elementos que reforçam um mito de que este setor é mais resistente a iniciativas inovadoras. Mas, não é bem assim, é possível sim inovar no setor público e, como qualquer prestador de serviços, este terreno também pode ser fértil para despertar e criar novas conexões.
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Cultura de Inovação
Uma cultura de inovação no setor público precisa se dedicar a objetivos ligeiramente diferentes de organizações privadas. Se no setor privado, a inovação busca a manutenção da competitividade no mercado e consequentemente o lucro, no setor público não há exigências diretas à sustentabilidade financeira.
Mas, uma qualidade melhor dos serviços oferecidos no setor público, com mais economia e processos mais eficientes da administração pública, é importante para impactar todo o sistema, além do auxílio direto e significativo na vida dos próprios cidadãos.
Estas inovações podem partir de uma ação estratégica, quando busca solucionar desafios de ordem institucionais. Existe assim, uma convocação direta nestes casos de ferramentas de comunicação no sentido de melhorar a imagem da organização, melhorar o clima organizacional e rever propósitos de existência.
Outra possibilidade de inovação pode vir de metodologias, processos e protocolos de funcionamento. Ao realizar suas tarefas operacionais, atuar diretamente com seus diferentes públicos, é possível aprimorar o atendimento e índices de resolutividade? Internamente, iniciativas de Design Thinking podem ser ferramentas adequadas para serem aplicadas no setor público.
Além disso, ferramentas e tecnologias podem ser incorporadas e promover inovações. Dispositivos, sistemas, softwares podem apoiar tanto processos de mudanças de ordem estratégica quanto as metodologias, processos e protocolos.
Estado como financiador da inovação
Uma grande vantagem do setor público na geração de inovações está no fato de que no Brasil grandes descobertas têm sido financiadas pelo Estado. As agências de pesquisas, universidades e organizações estão vinculadas ao setor público, que frequentemente incorporam projetos para melhorar sua eficiência com demandas do Estado.
O Portal da Transparência é um dos maiores exemplos neste sentido. Criado em 2007, ele permite que a população e os órgãos tenham acesso a informações que antes não eram disponíveis com tanta facilidade. Com esta maior visibilidade, é possível um controle melhor das contas públicas e uso de recursos públicos para o bem comum. Mais acesso, mais segurança, mais transparência.
Desafios da inovação no setor público
Uma das barreiras para a inovação no setor público brasileiro é a mudança de governos que impacta processos que demoram mais do que o tempo de uma gestão para acontecerem. A cada novo governo, uma nova equipe entra em ação e tudo é recomeçado.
De fato, esta é uma característica local, porém, alguns órgãos maiores já começam a ter uma agenda que funciona de forma independente de qual seja a gestão e, mesmo com a rotatividade, processos que já foram engatilhados são continuados por obrigatoriedade de financiamento.
Driblando dificuldades
Não estamos negando que é difícil alcançar ou implementar uma cultura de inovação em organizações públicas. Muitas vezes, a inércia do funcionalismo público nem é o maior desafio. A escala e a necessidade de ser absolutamente redundante em determinadas tarefas a fim de evitar falhas e corrupções são os maiores problemas enfrentados.
Assim, é preciso inicialmente criar condições para a criação deste ambiente de inovação. A adaptação a um contexto e a flexibilidade de execução é uma primeira necessidade.
A colaboratividade e a disposição à experimentação não podem ser implementadas sem uma estratégia bem delineada e uma sensibilização da equipe. Inovações geralmente são vistas com certa resistência por muitas pessoas, porque desestabilizam um sistema já equilibrado, exigem portanto mudanças de atitude.
As leis e ambientes regulatórios também são vistas como entraves por muitos inovadores. A burocracia é vista como uma Muralha da China intransponível para quem quer inovar no setor público. Mas, na verdade, a burocracia precisa ser vista como sinônimo de estabilidade, eficiência, accountability e transparência e nenhum destes itens são hostis à inovação.
Burocracia, hierarquia, aversão a riscos, a regulação, as leis e a falta de diversidade no setor público devem ser vistos como parte da cultura deste tipo de organização. Portanto, esforços de inovações não devem ser abandonados, mas podem ser acionados para que funcionários públicos e cidadãos possam lidar da melhor maneira possível com estes elementos.
Você já imaginou o que seria das pessoas que precisam fazer Declaração Anual de Imposto de Renda hoje, se os recursos digitais não fossem incorporados à rotina deste processo?
A importância da Liderança Pró-Inovadora
Continua valendo para o setor público uma das características de ambientes inovadores de setor privados: uma liderança pró-inovadora.
Ou seja, um líder desse tipo precisa ter não apenas habilidades técnicas, mas:
- criatividade
- flexibilidade
- curiosidade
- habilidades sociais para estar disposto à mudanças.
Além disso, a motivação precisa ser intrínseca para que ele tenha a força necessária para engajar toda a equipe e a perseverança para reconfigurar todo um ambiente fortemente dominado por uma ultrapassada visão estagnada do setor público.
O líder pró-inovador também necessita dar a autonomia para sua equipe e pessoas de confiança para a tomada de decisões e estar aberto a busca de recursos e conexões necessárias para inovar.
Sociedade, comunidade e outros órgãos públicos precisam ser acessados de modo mais aprofundado do que em uma diligência comum.
Estabelecer um relacionamento com estes atores são essenciais no sentido de angariar apoio para conduzir mudanças quando um projeto for apresentado.
Outro recurso importante para driblar as dificuldades de implantação de uma cultura de inovação no setor público é a gestão de dados. Mesmo que a escalabilidade seja um dos grandes problemas do trabalho em organizações públicas, os dados têm o poder de lidar com informação e conhecimento em larga escala, podendo gerar transformações em várias partes do setor público.
Dois dos maiores exemplos que trouxemos neste texto de inovações do governo brasileiro estão nesta área – o Portal da Transparência e o sistema para Declaração Anual do Imposto de Renda funcionam de forma a coletar, combinar e transformar estes dados em conhecimento capazes de facilitar a tomada de decisões.
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